A UNIVERSIDADE E SUAS
VICISSITUDES
A disciplina “O Ensino Superior no Brasil”
trouxe uma visão ampla e crítica do que tem sido a trajetória das universidades,
desde seus primórdios até os dias atuais.
Através de uma breve
citação, pode-se dizer que o surgimento das Universidades do mundo se deu
através da preocupação com a Educação. O homem deveria adaptar-se ao meio e
vice-versa. No século X, começaram a surgir no fundo das Igrejas, estudos sobre
como trabalhar o homem e sua formação. Na idade Média, a conservação e
transmissão do conhecimento teórico, deveriam ser confiadas a uma instituição
denominada “Studium Generale”. Instituição compreendida como uma cooperação
autônoma de professores e estudantes, que conseguiu unificar a chamada cultura
ocidental durante três séculos. Foram nessas instituições que pensadores
esquematizaram suas doutrinas. No século XII a Universidade teve seu real
aparecimento como Instituição. Apresenta-se com características que lhe confere
uma posição inconfundível na Sociedade, como órgão de Expressão e Comunicação
de uma Cultura na qual a Sociedade inteira se reconhece pelos seus ideais e
valores. A sociedade medieval conseguiu atingir seu apogeu no século XVI. O
Espírito do Renascimento e da Reforma tiveram suas influências. O Empirismo
(Bacon) na Inglaterra, afirmando que tudo parte da prática e o racionalismo
(Descartes) “Se o homem pensa, logo existe”, são duas grandes correntes que
deram origem ao pensamento contemporâneo. A Universidade passou a ser a porta
através da qual se produz conhecimento com base em pesquisa. Lugar de ensino do
saber universal. Fator de ascensão social. Deve, ainda, aspirar um processo de
educação permanente. Daí o tripé, ensino, pesquisa, e extensão. Enfim, as
Universidades surgiram para compreender a concepção de ciência como
conhecimento metódico e esquematizado de sua produção (pesquisa) e transmissão
(ensino – assimilação).
Quanto a história do Ensino Superior no Brasil, pode-se analisar sob
diversos aspectos. A partir do texto Universidade, Ciência e Subdesenvolvimento.
Simon refere-se aos Problemas de Educação e a questão da Universidade, dizendo
que nos anos de 1920 eram feitas Conferências e debates com a finalidade de que
através da educação o país se desenvolvesse. Nos anos trinta surgem as
primeiras universidades. Em 1960 o tema da reforma universitária era
obrigatório nos ambientes intelectuais e políticos, o que resultou num programa
de treinamento para a melhoria da educação, mesmo sendo apenas uma peça nesse
gigantesco e complexo quebra cabeça. Coloco, então, alguns pontos que me fazem
questão. Como não ser conivente com certas posições de interesses políticos e
financeiros? O crescimento desordenado da privatização de universidades gerou
uma perda na qualidade do ensino e, consequentemente, um impasse. Que tipo de
avaliação fazer com os alunos que chegam despreparados? Considera-se “n”
variáveis com tolerância a certas limitações ou não? Digo limitações por se
tratar de um país subdesenvolvido, onde o aluno precisa trabalhar. Ou a
Universidade é para poucos? Com o aumento vertiginoso da população, haveria
outra forma de não restringir o ensino de terceiro grau a uma minoria elitizada,
considerando as condições brasileiras sem perda na qualidade de ensino? Se há
um interesse em democratizar as Universidades e Socializar o Conhecimento que
considerações devem ser relevadas para se atingir tais objetivos? A resposta
para essas questões requer uma atenção especial não só de Categorias
Dirigentes, mas também de cada um de nós que está envolvido no processo
educativo e de formação profissional. A Universidade não pode reduzir-se a um
lugar de mera transmissão do Saber. Deve sim, ir além. Despertar no aluno um
compromisso cada vez maior com a sua formação profissional, com uma contribuição
social e interesse pela pesquisa. Como eu trabalho com a Psicanálise, tomaria
também esse “ir além“, sob outro enfoque. O de um outro Saber que não é o
tecnológico, nem o científico, não é da ordem do conhecimento, mas que é o mais
elementar do ser humano, saber de sua verdade. Saber de seu inconsciente, de
seu desejo de seus medos, suas angústias, suas limitações, seu próprio
funcionamento, isto, é saber de si mesmo, além do saber da ciência. Esta
possibilidade deveria existir nos currículos escolares desde o início de
educação de uma criança. Assim evitar-se-ia um tão grande número de pessoas que
se formam, principalmente nas Universidades Federais e não exercem a profissão.
Por ser de graça só querem um título. Já que o Brasil é um país que valoriza isso.
Outra
questão, a Ciência busca “melhorar“ a condição de vida do homem, tirá-lo cada
vez mais da natureza e colocá-lo na cultura, daí o paradoxo: até que ponto o
progresso trazido pelo avanço científico é favorável ao homem? Há, pois,
urgência de que em todos os níveis de ensino se inclua nos currículos a
possibilidade do homem ampliar sua consciência, sua percepção, disso que nele
trabalha e que resulta num funcionamento.
Concluindo,
espero que a Universidade possa voltar a atender sua finalidade inicial que era
uma adaptação do meio ao homem e do homem ao meio (homem x sociedade).
Proporcionar-lhe uma melhor qualidade de vida. E não deixá-lo mais estressado,
angustiado pela sobrevivência, correndo atrás da máquina mesmo que isso lhe
custe a própria saúde física e mental. E que a entrada na Universidade não seja
através da manifestação de um cursinho para o vestibular, mas que haja medidas
de avaliação mais eficazes e humanas.
Enfim,
que a Universidade possa cada vez mais ser o “Templo do Saber“.