domingo, 15 de novembro de 2015

A UNIVERSIDADE E SUAS VICISSITUDES


A UNIVERSIDADE E SUAS VICISSITUDES


A disciplina “O Ensino Superior no Brasil” trouxe uma visão ampla e crítica do que tem sido a trajetória das universidades, desde seus primórdios até os dias atuais.
Através de uma breve citação, pode-se dizer que o surgimento das Universidades do mundo se deu através da preocupação com a Educação. O homem deveria adaptar-se ao meio e vice-versa. No século X, começaram a surgir no fundo das Igrejas, estudos sobre como trabalhar o homem e sua formação. Na idade Média, a conservação e transmissão do conhecimento teórico, deveriam ser confiadas a uma instituição denominada “Studium Generale”. Instituição compreendida como uma cooperação autônoma de professores e estudantes, que conseguiu unificar a chamada cultura ocidental durante três séculos. Foram nessas instituições que pensadores esquematizaram suas doutrinas. No século XII a Universidade teve seu real aparecimento como Instituição. Apresenta-se com características que lhe confere uma posição inconfundível na Sociedade, como órgão de Expressão e Comunicação de uma Cultura na qual a Sociedade inteira se reconhece pelos seus ideais e valores. A sociedade medieval conseguiu atingir seu apogeu no século XVI. O Espírito do Renascimento e da Reforma tiveram suas influências. O Empirismo (Bacon) na Inglaterra, afirmando que tudo parte da prática e o racionalismo (Descartes) “Se o homem pensa, logo existe”, são duas grandes correntes que deram origem ao pensamento contemporâneo. A Universidade passou a ser a porta através da qual se produz conhecimento com base em pesquisa. Lugar de ensino do saber universal. Fator de ascensão social. Deve, ainda, aspirar um processo de educação permanente. Daí o tripé, ensino, pesquisa, e extensão. Enfim, as Universidades surgiram para compreender a concepção de ciência como conhecimento metódico e esquematizado de sua produção (pesquisa) e transmissão (ensino – assimilação).
         Quanto a história do Ensino Superior no Brasil, pode-se analisar sob diversos aspectos. A partir do texto Universidade, Ciência e Subdesenvolvimento. Simon refere-se aos Problemas de Educação e a questão da Universidade, dizendo que nos anos de 1920 eram feitas Conferências e debates com a finalidade de que através da educação o país se desenvolvesse. Nos anos trinta surgem as primeiras universidades. Em 1960 o tema da reforma universitária era obrigatório nos ambientes intelectuais e políticos, o que resultou num programa de treinamento para a melhoria da educação, mesmo sendo apenas uma peça nesse gigantesco e complexo quebra cabeça. Coloco, então, alguns pontos que me fazem questão. Como não ser conivente com certas posições de interesses políticos e financeiros? O crescimento desordenado da privatização de universidades gerou uma perda na qualidade do ensino e, consequentemente, um impasse. Que tipo de avaliação fazer com os alunos que chegam despreparados? Considera-se “n” variáveis com tolerância a certas limitações ou não? Digo limitações por se tratar de um país subdesenvolvido, onde o aluno precisa trabalhar. Ou a Universidade é para poucos? Com o aumento vertiginoso da população, haveria outra forma de não restringir o ensino de terceiro grau a uma minoria elitizada, considerando as condições brasileiras sem perda na qualidade de ensino? Se há um interesse em democratizar as Universidades e Socializar o Conhecimento que considerações devem ser relevadas para se atingir tais objetivos? A resposta para essas questões requer uma atenção especial não só de Categorias Dirigentes, mas também de cada um de nós que está envolvido no processo educativo e de formação profissional. A Universidade não pode reduzir-se a um lugar de mera transmissão do Saber. Deve sim, ir além. Despertar no aluno um compromisso cada vez maior com a sua formação profissional, com uma contribuição social e interesse pela pesquisa. Como eu trabalho com a Psicanálise, tomaria também esse “ir além“, sob outro enfoque. O de um outro Saber que não é o tecnológico, nem o científico, não é da ordem do conhecimento, mas que é o mais elementar do ser humano, saber de sua verdade. Saber de seu inconsciente, de seu desejo de seus medos, suas angústias, suas limitações, seu próprio funcionamento, isto, é saber de si mesmo, além do saber da ciência. Esta possibilidade deveria existir nos currículos escolares desde o início de educação de uma criança. Assim evitar-se-ia um tão grande número de pessoas que se formam, principalmente nas Universidades Federais e não exercem a profissão. Por ser de graça só querem um título. Já que o Brasil é um país que valoriza isso.
            Outra questão, a Ciência busca “melhorar“ a condição de vida do homem, tirá-lo cada vez mais da natureza e colocá-lo na cultura, daí o paradoxo: até que ponto o progresso trazido pelo avanço científico é favorável ao homem? Há, pois, urgência de que em todos os níveis de ensino se inclua nos currículos a possibilidade do homem ampliar sua consciência, sua percepção, disso que nele trabalha e que resulta num funcionamento.
            Concluindo, espero que a Universidade possa voltar a atender sua finalidade inicial que era uma adaptação do meio ao homem e do homem ao meio (homem x sociedade). Proporcionar-lhe uma melhor qualidade de vida. E não deixá-lo mais estressado, angustiado pela sobrevivência, correndo atrás da máquina mesmo que isso lhe custe a própria saúde física e mental. E que a entrada na Universidade não seja através da manifestação de um cursinho para o vestibular, mas que haja medidas de avaliação mais eficazes e humanas.

            Enfim, que a Universidade possa cada vez mais ser o “Templo do Saber“.

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